sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

É NATAL, É NATAL JÁ BATO COM O PÉ!


Há dias que merecem ser celebrados: ontem, dia 26, fez um mês que parti a perna. 
Também foi ontem que recebi o meu presente de Natal, o que só tornou a ocasião ainda mais especial.

Senti-me uma criança com o coração a bater, com a ansiedade de quem olha os presentes na árvore, à espera de ver se o Pai Natal trouxe o que foi pedido.
E abri o presente. O estômago subiu-me à boca, o coração ia rebentando e fiquei com um sorriso estúpido que talvez não desapareça tão cedo:
Um RX do meu osso... consolidado! 
Uma recuperação fantástica, como disse o medico! Só passou 1 mês! Aparentemente aquela conversa de que o estado anímico e a força de vontade ajudam, é mesmo verdade! 
Vontade não me faltou! E a força, para além da que me foi sendo dada pela família e amigos, encontrei-a mais em mim do que supunha. 
Aparentemente sou uma espécie de super heroína com parafusos e tudo (fica sempre bem o lado artificial), cuja identidade se esconde por trás de uma actriz.
A minha realidade superou a ficção!

"Parte uma perna!", disseram-me, e eu parti!
Parti, operei, chorei, desesperei, brinquei, esperei, trabalhei e recuperei.
E agora levo o meu presente (RX) na mão direita que já vai poder aliviar os calos criados neste mês de luta.
A mão esquerda ainda leva uma canadiana mas só para eu não me desequilibrar com o entusiasmo e a excitação! 
E agora: NINGUÉM ME PÁRA!!

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

MUITA MERDA, FILHA!


Na Terça-feira dia 24 faz 4 semanas que parti a perna e me puseram os parafusos!
E faz 2 semanas que tirei os pontos e comecei a fisioterapia. 
Tudo está a correr bem. Já mexo bastante o pé e sinto que estou a recuperar a agilidade dos músculos e tendões. Estou cheia de força no pé! 
Agora só falta andar com o pé no chão! E isso vai ser o meu presente de natal!

Entretanto cá andei eu a saltitar de estreia em estreia!
Na semana passada, foi a vez da minha filha se estrear num espectáculo no grupo de teatro da escola. 
Claro que não resistimos em gritar à porta da escola:
- MUITA MERDA, FILHA!

A Maria mostrou um contido contentamento, sem agradecer, claro, porque não se agradece (que dá azar!), mas não deixou de olhar em volta como quem pensa "lá estão eles a envergonhar-me outra vez!".

A verdade é que houve pelo menos um "pai" que olhou surpreendido na nossa direcção. Mas isso não nos demove... Acho que ainda nos dá mais pica!

Afinal de contas, estreia é estreia! Na escola, no teatro amador ou profissional, e tínhamos de dizer alguma coisa. 

Sou uma mãe babada! Amo a minha filha! Vê-la crescer é um privilégio! Sinto-me como se estivesse sempre em ambiente de estreia. Cada dia há novidades e uma "primeira vez" em qualquer coisa. 
Quase que se pode dizer todos os dias  "Muita merda, filha!". E este foi um desses dias! 
Para além de que não podíamos dizer "parte uma perna" porque, como a Maria me disse ao fim do dia, não era justo para o Miguel: depois tinha duas coxas para aturar! 

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

GALA DE ESTAR BEM!

E ainda o dia ia a meio... De cabelo arranjado e auto-estima renovada, voltei à tarefa do dia: preparar-me para a Gala!

Eu sabia que, tal como já tinha acontecido no estúdio, a minha aparição haveria causar alguma curiosidade, e que as canadianas não seriam fáceis de esconder. Ora, quando não se consegue contornar um problema, mais vale torná-lo numa grande atracção, de preferência, com sentido de humor: muito bem, resolvi a questão engalanando as canadianas com umas luzes de Natal!

Não me tinha enganado. As minhas luzes de natal, ou o meu sentido de humor, atraíram risos e sorrisos e... fotógrafos!

Acho que aquilo que mais surpreendeu as pessoas foi a minha boa disposição (genuína, garanto-vos).

Ao falar com as pessoas, dei por mim a sentir, nalguns discursos, uma certa pena pela minha pessoa e vi-me na necessidade de
desdramatizar perante os outros a minha própria fractura.

Claro que partir uma perna é muito desagradável (para além de doloroso). E quando digo que fui operada e que tenho parafusos, todos fazem uma expressão de horror, e lá tenho eu de explicar as vantagens da decisão pela operação em vez de 2 meses de gesso e mais não sei quanto tempo de reabilitação. Cada vez tenho mais a certeza de que foi a melhor decisão.

E também fiquei com a certeza de que há muita gente a ler este blogue e a identificar-se comigo. Muitos sentem empatia por terem também vivenciado alguma situação de perda.  Isto deixa-me cheia de orgulho em mim mesma, por estar, de alguma maneira, a inspirar outros.

Pelo meio, ouvi vários discursos de solidariedade da parte de colegas e isso creio ter mais a ver com o facto de perceberem e saberem o que é estar sem trabalho.

É uma realidade recorrente para a grande maioria de nós!

Curiosamente, estamos a implementar, no Teatro Ibisco, a ABOTA: um projecto comunitário para apoiar a população desempregada de bairros sensíveis de Loures no processo de arranjar (e manter!) um emprego digno e com direitos. É um projecto magnífico, do qual vos falarei em breve, e que contribui para melhorar as vidas de muitas pessoas. Afinal, ter trabalho não só é muito importante para a auto-estima, como é um passo no caminho para nos sentirmos úteis e valorizados. Para nos sentirmos bem.

E estar sem trabalho é uma merda, claro, mas ficar refém disso é muito pior. Não baixo os braços.

O que há a fazer é começar a preparar-me para o próximo trabalho, que estou certa virá... porque mereço.

 

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

VESTIR A SUSANA. DESPIR A PERSONAGEM.

 
Tenho sempre dores de cabeça quando tenho de escolher roupa para ir a festas formais e, principalmente, as chamadas "Galas".
E desta vez era a Gala de Natal da TVI e tinha uma dificuldade acrescida: canadianas!
O que se veste quando se tem um acessório já tão vistoso como as canadianas? E fiz as experiências:
- vestido de noite comprido: nem pensar! Seria uma grande entrada mas arriscava-me a espalhar-me ao comprido à primeira pisadela no vestido;
- vestido curto com o pernão à mostra: tinha a vantagem de mostrar como a minha perna está fantástica (e está mesmo!), mas sem saltos altos não fica tão bem. E eu até calçava os saltos altos, mas tive receito de torcer o pé bom!
- calças! "Ok, é capaz de ser o melhor", pensei.
Foi assim que surgiu a ideia do Smoking, que poderia ficar até bastante sexy, mesmo com canadianas! E assim começou a grande aventura em busca de um smoking. Depois de muita pesquisa, lá me decidi por um fraque... de criança! Era o único que me servia!

Faltava agora o cabelo!
Bom, é preciso dizer que o meu loiro já não estava muito fantástico! Além dos sinais visíveis da morena que há em mim já terem 1cm, este corte, para ficar bonito num fraque, teria de ser arranjado por profissionais. E foi assim que, segui a sugestão da produção, e fui parar ao estúdio da novela que não fiz e onde ganhei esta cor de cabelo.

Devo dizer, porque também houve quem me fizesse a pergunta, que não me senti nada estranha ou constrangida por ir ao estúdio. Pelo contrário, foi uma oportunidade para arrumar essa questão.
Só à chegada percebi que era precisamente a estreia da Ana Brito e Cunha, a actriz que me substituiu na novela.
A maior surpresa de todas recebi eu ao olhar a Ana: dava àquele cabelo e às roupas que eu tinha experimentado, uma personalidade completamente diferente!
A personagem que estava quase a nascer ali, 3 semanas depois, era outra.
Mais do que tudo percebi que minha personagem faz parte do passado... Desconstrui-a e segui em frente... a coxear e tudo, mas andei mesmo muito em frente!

E ali, no estúdio, tudo o que queria era que a Ana se divertisse e tivesse uma grande estreia! Por isso não lhe disse "parte uma perna!" - desejo-lhe tudo de bom.

De cabelo arranjado e auto-estima renovada, voltei à tarefa do dia: preparar-me para a Gala.

Sobre o que fiz, como fui recebida e como me senti, escreverei amanha